Ataídes, cineasta em BH

Entrevista publicada em 16/11/2004 no site Película de Cinema





Cineasta, historiador, pesquisador e roteirista, Ataídes Braga é administrador da produtora de cinema, “Paidéia Cinema e Vídeo” em Belo Horizonte. Graduado em História e Mestre em Cinema pela UFMG, Ataídes é presidente do Centro de Estudos Cinematográficos de Minas Gerais (CEC) gestão da década de 90. É coordenador e colaborador de concursos, festivais e mostras de cinema, além de crítico e comentarista de cinema em jornais, revistas, rádios e emissoras de TV. Ataídes vem há anos vem ministrando aulas em faculdades, cursos e oficinas, sendo um dos mais requisitados professores da Sétima Arte em Minas Gerais. Participou de vários filmes realizados nos últimos anos em Belo Horizonte, exercendo diversas funções.

1) Quando foi seu primeiro contato com o cinema?
- Desde criança eu gostava de assistir filmes, de saber curiosidades, quando estava passando um filme, como funcionava... Na minha formação foi durante muitos anos, mas profissionalmente o contato só aconteceu nos últimos dez anos, tempo que eu estou oficialmente trabalhando com o cinema.

2) Quais foram suas maiores influências?
-Tenho influências de várias áreas e trouxe tudo para o cinema. Eu passei por várias áreas como o teatro, a música, a literatura. Minha primeira influência vem da música que é minha paixão, mas eu nunca consegui desenvolver aptidões para tocar instrumento. Depois da literatura que eu escrevo muito desde pequeno, mas nunca consegui o que queria realmente que era ser escritor. Fiz teatro durante muitos anos e dirigi espetáculos de teatro em Belo Horizonte. Os grandes cineastas do cinema mundial e brasileiro me marcaram, além de toda uma
geração dos anos 60; culturalmente foi que definiu minha formação.

3) Qual é sua formação?
– Sou formado em história e fui professor de história. Especializei-me em arte e depois em cinema. Dei aula de História da Arte e depois de cinema durante muito tempo na Federal e na PUC de Arcos, interior de Belo Horizonte. Como conseqüência natural eu passei a dirigir, produzir, escrever e fazer tudo na área de cinema. Como ator eu trabalhei em vários filmes aqui e em um filme no Rio de Janeiro. Como roteirista, trabalhei em vários filmes aqui e dois no Rio de Janeiro e um na Argentina. Como pesquisador eu pesquisei arquivos no Brasil inteiro e também na Argentina, no Paraguai e no México.

4) Quais são suas obras de maiores repercussões?
-Já fiz 20 filmes como ator. Recentemente, trabalhei como ator nos curtas-metragens "Vão (da solidão)", em que faço papel de padre trabalhei de assistente de direção no filme "Jogando Pelo Amanhã". Na produtora tem o filme “A Entrega” que ganhou prêmio em Gramado.

5) Fale sobre a produtora Paidéia Cinema e Vídeo
– Sou dono, sócio e proprietário da produtora de cinema “Paidéia Cinema e Vídeo”, juntamente com os sócios Marcello Marques, diretor de fotografia e José Inácio Garcia, documentarista. A produtora realiza diversos trabalhos na área audiovisual dentre eles filmes 35mm, 16mm, super 8, vídeo digital, documentários, videoclipes, comerciais e filmes institucionais. Também ministra cursos voltados para a área de formação técnica e especializada, como edição não-linear, fotografia still, animação 2D, super 8 e operação de câmera. Temos uma equipe muito grande de profissionais e agente trabalha para nossos projetos acontecerem. A idéia da produtora é ser uma produtora de cinema que tem essa preocupação: formar uma particularidade aqui da produtora. Eu dou cursos regulares todo mês. Temos cursos de edição, fotografia e animação e fazemos dublagem e locução aqui no estúdio. Somos uma produtora completa, temos todos os equipamentos que uma grande produtora precisa. A gente quer ser uma produtora de cinema de ponta e passar a produzir cinema em todos as áreas. A Paidéia faz qualquer trabalho, de institucional a um longa metragem.

6) Fale sobre seus trabalhos mais recentes na produtora “Paidéia”
- Temos o documentário “Cemitério do Peixe” sobre uma região de Conceição do Mato Dentro. Temos o documentário sobre o livro que escrevi chamado “Fim das Coisas”, sobre as salas de cinema de Belo Horizonte. Temos o curta metragem chamado “Mais um Dia”, trabalho de animação em que sou o roteirista. Mais recentemente o grande projeto da produtora é o nosso primeiro longa metragem de ficção “Enigma”, que tem a estréia em 2005 em que o roteiro é meu. Temos também os projetos de animação com meus dois animadores.

7) Quais são as dificuldades nesta área?
- Falta de investimento e de infra-estrutura de laboratório. Há uma ausência muito grande de cinema no estado de Minas Gerais, particularmente em Belo Horizonte. Todo o trabalho que se faz aqui infelizmente tem que mandar revelar em São Paulo ou Rio de Janeiro. Precisa-se aqui de uma infra-estrutura de laboratório, ter laboratório de revelação de som. Há dificuldades em comprar filme, temos que comprar filme fora, principalmente película de filme. Há também uma dificuldade de trabalhar com pessoas aqui em Belo Horizonte. Tem muita gente trabalhando seriamente, mas têm muitas pessoas trabalhando de forma errada, equivocada e picareta. O que inviabiliza, atrapalha demais é o descaso muito grande com o cinema no Estado.

8) Quais são as dicas que você daria para quem está começando agora?
- Estudar, estudar e estudar... Ver todos os filmes, ler todos os livros, fazer todos os cursos, levar a sério e encarar a profissão seriamente. Unir o gosto com o trabalho, aí sim você se realiza plenamente. Aqui na produtora a gente materializa um sonho e eu acho que isso é a idéia de uma produtora.


Autora: Juliana Marçal

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